domingo, 22 de fevereiro de 2009

Software facilitará contato com surdos

Publicado em 04.02.2009


A Brava, nova empresa de Fred Arruda no Porto Digital, iniciou desenvolvimento de solução que visa permitir o uso de telefone por surdos, sem necessidade de um intermediador

Tatiana Ferraz
tferraz@jc.com.br

Depois do anúncio, na semana passada, da formação de tradutores da língua brasileira de sinais (libras) no primeiro curso técnico do tipo ministrado pelo poder público no Estado, outra novidade surge no Estado para tentar facilitar a comunicação entre ouvintes e pessoas com deficiência auditiva. A empresa de tecnologia Brava, que integra o Porto Digital, iniciou o desenvolvimento de uma solução que visa permitir o uso de telefone por surdos, sem necessidade de um intermediador.

A novidade foi batizada de Fone Fácil. Através dela, um surdo pode ligar para o telefone fixo ou móvel de um ouvinte a partir de um smartphone, que deve ser desenvolvido por operadoras. No outro sentido, o ouvinte pode ligar para o surdo a partir de um aparelho convencional. “O falante vai ligar para o Fone Fácil e a ligação vai cair em um atendimento eletrônico. Aí o telefone do surdo deve ser identificado e a ligação segue para ele. A mensagem falada é então convertida para texto. Já os surdos vão escrever em uma espécie de chat e a mensagem será convertida em voz”, explicou o diretor executivo da Brava e gerente do novo projeto, Fred Arruda.

Segundo ele, atualmente as soluções de telefonia voltadas aos surdos exigem a participação de uma pessoa como intermediadora. A novidade da Brava é permitir essa comunicação com o uso apenas de tecnologia.

A Brava ficará responsável pelo desenvolvimento do software que vai rodar no smartphone e pelo gerenciamento do servidor de suporte da comunicação. Já o aparelho em si deve ser produzido por operadoras de telefonia. A previsão é que o produto chegue ao mercado em 2010 e atinja seis milhões de usuários.

O professor de libras Deyvison Lima, deficiente auditivo, recebeu a novidade com alegria, mas cauteloso. “É importante a união entre surdos e ouvintes. Espero que a nova solução ajude nessa integração, mas não sei como, pois poucos surdos sabem ler.”

Ainda assim, a novidade pode facilitar a vida de pessoas como a auxiliar de produção Ana Carolina Pimentel, 25 anos, que demonstra vontade de poder se comunicar por telefone. “É ruim enviar mensagem de celular. Mais fácil ligar. Mas para os surdos é difícil. Eu tenho vontade de usar o telefone, mas como?”, questiona.

Segundo Arruda, uma consultora de linguística vai dar apoio à empresa, já que surdos e ouvintes se comunicam de formas diferentes, inclusive na escrita. O projeto para desenvolvimento do Fone Fácil foi aprovado no fim do ano passado pela Finep, que disponibilizará R$ 1,5 milhão. A entidade fará uma visita técnica à Brava e, na próxima semana, deve ser assinado o contrato para que o dinheiro seja liberado. “Nosso objetivo é dar autonomia a pessoas e dispositivos através de inovação tecnológica”, destacou Arruda.

A Brava existe formalmente desde 2007, mas apenas em janeiro deste ano, com a contratação do novo gestor, iniciou efetivamente as atividades. O quadro de pessoal da empresa ainda está sendo montado.

FONTE: http://jc.uol.com.br/jornal/2009/02/04/not_318179.php, acessado em 22/02/2009.

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